domingo, 11 de dezembro de 2011

Troca de prendas





Rotinas e adiante. Há muito tempo que pisei a rima, pus os adjectivos fora, mandei tudo para o caralho. Por ferros se mata e morre, por isso a dopagem com carbono que faz do gume a espada é-te enterrada no dorso, e o azoto se propaga e endurece. Sou o colosso que não viste, a ninfa que busca e caça, Diana, Némesis, o peito e o cancro beijados que te berram na cara a raça! E um hipócrita; a minha frustração contudo é o grito nunca um dia branco, porque posso ser qualquer coisa, mas nunca tudo ao mesmo tempo. Eu marco mas não mato, circulo e interrogo, eclipso-me no foco trémulo da cela. A minha juba é ruiva, farta e bela no clarear novo de cada mentira. Eu olho mas não prendo, insinuo e mesmo não querendo, dispo a roupa sobre o palco e atiro-me na passadeira. E todas as voltas, rotinas, os depois, agora, para ontem e antes são sempre a mesma órbita, o mesmo perímetro redondo, o círculo, as cordas, a frequência e o comprimento de onda do rádio em que voas a náusea do longe. Entre nós para sempre as palavras, a verdadeira merda, soluto que nos mata, água régia, água forte, água da vida que te dissolve prata nos meus dedos perfeitos, dedos feitos fracos, falsas fêmeas, virgens de ouro. Hipócritas.

Sem comentários:

Enviar um comentário