quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Afogamento

Quando as gotas caem escuras
No chão descalço que pisas em calos,
Perguntas à noite que rosário seguro
Te reserva a água escorrendo nos ralos.

Quando as gotas caem mudas na parede,
Adoçando à cal sombria os espinhos,
Perguntas à chuva onde queda o teu muro,
Fortaleza efémera tomada ao destino.

Quando o tempo passando te lavar a ferida
E vires o pátio em água desfeito,
Tornarás a ver o sentido nas rosas
Que mudando de cor uma vez mais contigo,
Se deitam mortas inundando-te o leito.