segunda-feira, 14 de junho de 2010

Aurora

Todas as janelas têm uma aurora,
Todos os dias o momento em que levantam.
Mas o quarto permanece vazio e o silêncio nos cantos.
E não acordo, não acordo, porque não tenho armas.

A linha vai subindo, degolando a parede.
E todos os dias que acordam trazem medo,
Trazem pó e lençóis amarrotados.
E não acordo, não acordo, porque não tenho armas.

Os dias crescem com as roupas no chão
E não acordo, não acordo, não tenho medo!
Não tenho medo… os olhos rasgados, os lábios rompidos,
A retina retida no copo tombado.

Todos os dias têm uma aurora
E não tenho medo porque se levantam.
Já não me fere o pó e a luz nos estores partidos,
Que não tem corpo a quem na dor a alma… falha.


Os dias sobem, elevam o traço, imergindo o sentido que a mão aponta à água.
Ah! Aurora…