terça-feira, 11 de outubro de 2011

#1

Este é oficialmente um blog sobre o quotidiano da pessoa Rx.

Então, hoje levantei-me num espaço cartesiano e desloquei-me segundo vários vectores, (em) função de x, y e z. O primeiro wormhole que encontrei levou-me directamente às estrelitas do pequeno almoço, como não passei pela casa de partida não tive direito a gás. Tive de sair para o fresco da manhã e substituir a dita botija do.
Depois de lavado e vestido fui, como dizem as primas francesas, prender o bus. Algemei o retrovisor à paragem e exigi-lhe identificação, mas só depois de nele ter entrado e adormecido após cinco minutos em andamento. Não surpreendentemente, desconfio que já seja um hábito enraizado, o meu relógico biológico acordou-me trinta minutos depois, precisamente quando chegava à Universidade. Lá fui para o laboratório a pensar como é sempre bom não ser acordado por estranhos.

Tinha deixado durante a noite uma pastilha a cozer no forno (sim, na UMinho cozinha-se Haxixe e mandam-se ácidos no bar) que fui rapidamente buscar. Surpresa do dia, o vidro do forno que me deixaria ver a pastilha lá dentro tinha acordado um espelho! Fiquei atónito, não só pelo ocorrido como pelo reflexo da minha cara de aborto (Deus os tenha) mal acordado. Corri para o meu orientador. Ele veio, abriu a câmara, passou a unheca pelo vidro e a pelicula metalizada descascou logo. Trocamos algumas trivialidades, como os dias que têm estado bastante quentes e o mútuo desconhecimento do que poderia ter acontecido à abençoada pastilha (LSD, não Mebocaína!). Fiquei desolado, por isso fui fazer uma série de inútilidades como limpar a minha banca de trabalho.

Voltei para almoçar em casa. A tarde seria passada na Universidade também, mas no pólo bracarense. Gostava de ter tido o bom senso de ter almoçado em Guimarães pois a saída de casa foi mais uma vez atribulada (rotinas...). A minha mãe anda a controlar-me a fruta e insiste para que coma a sobremesa, embora repetidamente lhe diga que não é normal cá em casa só haver peças de fruta com mais de um decímetro cúbico. Pode parecer paranoia de engenheiro anorético, mas faz-me uma genuina aflição comer mais do que com os olhos. Ainda mais depois de uma manhã na universidade a conhecer caras novas... normal que estivesse de boca bastante cheia. Antes de conseguir sair, e porque o dia parecia destinado às figuras de autoridade, fiz de polícia sinaleiro do trânsito intestinal. Como nos filmes, é sempre nos momentos mais críticos que se apanha a famosa hora de ponta.

A tarde... tardinha, melhor coisa do dia <3! Fui parar a um caralho de um laboratório vaginal (toda uma antítese)! A húmidade e o calor eram insuportáveis. O ensaio, novo para mim, era uma seca e demorava colhões (conservemos o léxico)! A bolseira que me orienta arranjou a desculpa de algum material para lavar e deixou-me com um procedimento. Depois de me fartar das funções do programa decidi perder uns minutos com a vista, que não é nada má, já que a Universidade fica a uma cota relativamente alta da cidade. Quando me fartei da janela voltei ao PC, verifiquei que não tinha internet, felizmente, o banco onde me sentava era daqueles que dá voltinhas sem fim. Alegria de criança, fiz aquilo uma meia dúzia de vezes, olhos fechados para diminuir à náusea, quando me apercebo que a porta para o corredor está aberta. A situação. Tudo tranquilo, a única coisa que por ali passava era uma espécie de brasileiras invulgarmente baixas, provavelmente um vazamento numa cultura do departamento de biologia (sim, na Uminho realizam-se abortos e faz-se manipulação genética!)

Volto à janela. Bolseira (já sem a bata aborrecida, note-se) e amigas com cara de quem volta do lanchinho caminham em direcção ao edifício onde me encontro. Primeiro pensamento: U biAAtCH! Estava há um par de horas a morder-me pelo café&cigarro e a grandessíssima... (k)untz! Tranquilo, sou uma pessoa Zen, portanto de volta às voltinhas do banco (passo a redundância) (como continuo a achar que estou a transmitir ao leitor um ideia de ciclicidade, vou substituir o palavrão interior por um pi!). Devia estar com o ímpeto renovado porque me deu grande enjôo. Saí para o corredor e por esta altura ela já tinha subido os três andares. Perguntei-lhe de caminho onde era o WC naquele piso e lá me recompus.
Depois de tudo isto e com o ensaio a dar vários indícios de uma preparação manhosa (a dela!) resolvemos pospor a sua correcta execução para quinta-feira. Eu que me foda, a entrega da tese só é dia trinta e um deste mês!

Antes de ir para casa passei no centro comercial. Porque preferi estacionar numa rua próxima tive direito a arrumador, a quem acabei por dar vinte cêntimos como desculpa karmica para o facto de pseudo-ter-roubado um lugar de estacionamento. Ainda bem que não fiz questão de ter certezas, vou dormir muito melhor hoje.



Beijos,

A Prostituta.