domingo, 6 de novembro de 2011

A Noite no Outono



Quando morre o dia não há temor.
Guardo fundo um desejo, um segredo.
O dia há-de morrer e eu não tenho medo,
Não vejo escuro ou solidão
Porque a noite vem fria e o luar
É bálsamo nas ligas do meu coração.

Quando adormece o vento nas folhas, quando desliza o gato sibilante no jardim, abro as portadas de madeira e sai descalço o meu sonho na noite. Quão bom ficar deitado assim, deixar que o gelo se sinta amado, perceber a insignificância a todas as coisas. Gosto da noite porque tenho um segredo, um desejo de descanso... À noite não há vozes, não há homens, nem há o mundo. Só árvores e bichos na terra, só fabulas que a escuridão encerra e que esculpo na madeira. A sorte como o amor não se precisa inteira, porque um pequeno bafejo já promete infinito. À noite esqueço o significado à morte e já não sei o que é o tempo. Inspiro fundo o meu sonho, o relento, ficamos sobre o estrado entregue às estrelas. Nunca foi meu desejo tê-las, tocar-lhes saciando sede de infinito, porque não a tenho, não há essa vontade... Só te preciso largo, longe, tão distante. Não te conheço o rosto, por onde andas errante mas chega-me a tua promessa. À noite não preciso do teu amor, apenas saber que te sei amar. À noite só sei que nada sei e é quanto baste tudo o que sinto.

1 comentário:

  1. Tão lindo...
    Por isso é que também gosto da noite, principlamente das estações frias. Inspira.
    :)

    Beijinhos***

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