domingo, 8 de novembro de 2009

Arrependimento

Não há palavras para realidade tamanha.
No mais repousado dos sonos permeia
Todas as camadas vítrias da alma, à noite
Que se entranha, escorrendo, esse horror.

Raiz semeada por mão alheia,
Aquela que maior o Destino escolhe.
E não havendo coragem, embora não olhe,
Desabrocha esse Cristo na cruz,
Entre folhagem de fátua chama.

Vindo pérfido por detrás
Sussurrando nas costas o medo frio ao pescoço.
Confessa que me ama, e quanta a saudade,
De verter esse tanto sangue, com quanta quantidade,
Implodindo o peito em esforço.
Emoldura-me a cabeça, beija-me a testa,
Essa fervente onírica promessa.
Se fossemos só nós, se tivéssemos sido
Algo mais que este eterno passado.

Tivesse eu querido! Meter-me nessa mão,
Confrontar o Destino e acompanhar a sorte
No caminho poente dessa margem sem sentido,
Onde quis o Universo, que no coração pulsasse pequena a morte.


Ainda dóis.

1 comentário:

  1. Tão lindo... no contexto que o interpretei tem um sentido tão sofrido que chega a doer só de ler...

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