quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Queimada

Antes do fim, desabafo o meu sonho.
É este o fado que velamos
Carpindo a alegria da morte. O cutelo gravítico, que apazigua as palavras.

Seremos aves, nuvens nestas fragas que amam a sereníssima planície.
Aves nessa ausência de verticalidade, onde surge espelho o manto das águas,
Onde ficaremos para sempre na memória das partículas.
A lâmina será rápida, lapidar, e o jorro terno, gorgolejante.
O Silêncio o mais inspirado canto, onde dissipada finalmente a subjectividade.
Governo absoluto que não é de ninguém, o Amor finalmente consumado,
De quem não directamente, mas pela que te ama, te é infinitamente dado.
E céu que somos deste Sol, falhas na tinta lascada destas paredes,
Mergulharemos cidade na absorvência do mar, onde toda a areia é uma pedra.
Carpindo a alegria da morte, antitéticos no desejo,
Acabaremos incinerados pelo astro, e não mais sentidos, seremos urnas.


Nunca contei a ninguém mas o meu maior desejo era ser conjugado no infinitivo.








(Ao longe bradava Alexandre)

Queimem, queimem, queimem tudo! Alexandria, último reduto da luz, testemunho final dos Deuses. Uma pira a mim! exumem este credo, esta sina e toda a vontade, do alto do mundo que é esta apoteose!
Tragam óleo, à palha agora! Queimem, queimem! Morremos filhos de Aurora! Glória, nossa avó que nos fala do manto da terra, a nós as lágrimas de Pandora! Sobeje na paz e na guerra a vontade da morte! Ao Norte! Ao Sul, a todos os pontos e referenciais, num último facho se extinga a Humanidade, que nos pereça na cabeça a mentira e a verdade…
Ao vazio! A única realidade!

3 comentários:

  1. uau, escreves mesmo bem :)
    obrigada por acompanhares o falta-me o papel.

    beijinho *

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  2. Não sei o que fazes para levar às pessoas o teu dom, mas se o restringes a este espaço acho que fazes mal. Escreves muito, RP! Mereces mais que isto...

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